novos abrigos

altos, baixos, luxuosos, humildes, imponentes, frágeis, inovadores, vernaculares, edifícios, casas, casebres, mansões. todos remetem ao mesmo sentido. abrigos.

Friday, July 04, 2008

Entrevista: Márcio Kogan

Arquiteto, com idade desconhecida, nascido em São Paulo se formou na Universidade Mackenzie,fez cinema até os 30 anos e acabou se decidindo pela arquitetura. Principais obras: Casa Du Plessis, Casa Gama-Issa, Casa BR, Casa Cury, Hotel Fasano, Museu de Microbiologia e recentemente a tecnológica e-home.



1. Quais suas predileções de viagem? Um refúgio isolado ou o agito cultural? O dia ou à noite? Com guia ou solitário? Com pesquisa ou no escuro? Só ou acompanhado?
MK: Odeio refúgios isolados. Só gosto de viajar com muito agito cultural de dia ou de noite, só ou acompanhado, com pesquisa ou no escuro. Uma bela paisagem não me interessa, somente através de uma bela janela.

2. Qual a melhor maneira de se conhecer uma cidade? Ver cuidadosamente poucas obras ou visitar rapidamente a maior quantidade possível delas? Locomover-se a pé, de automóvel ou de transporte coletivo?

MK: Adoro andar a pé mas recentemente estive em Amsterdã por 2 dias, e tive que alugar um táxi por algumas horas para desesperadamente tentar conhecer algumas obras.

3. Qual foi a última obra de arquitetura que visitou após se preparar com estudos prévios? A expectativa se cumpriu?
MK: Em junho, nos Estados Unidos visitei algumas obras do Frank Ghery como o Disney Hall em LA e o MIT Stata Center. A expectativa se cumpriu, achei uma droga.

4. Seja positiva ou negativamente, quais foram as obras de arquitetura, urbanismo e paisagismo que mais lhe impressionaram durante suas viagens?

MK: Negativamente as obras do Frank Ghery e a Cidade das Artes e Ciência de Valencia do arquiteto Santiago Calatrava. São obras faraônicas e com uma arquitetura absolutamente supérflua. Positivamente a nova arquitetura holandesa e o ICA-Boston do Diller + Scofidio, uma das raras obras contemporâneas interessantes nos EUA.

5. Quais as obras, no Brasil e no exterior, que você não conhece e quer necessariamente conhecer?
MK: Gostaria de conhecer as obras dos japoneses Takaharu + Yui Tezuka e Kazuyo Sejima + Ryue Nishizawa.

6. Ser turista em sua própria cidade tem alguma graça?

MK: São Paulo é uma das mais sensacionais cidades para se visitar. Uma das mais feias cidades do mundo, caótica, violenta, suja, porém fascinante. Do jeito que eu gosto. Uma das minhas obras favoritas é uma praça que fica na Rua Oscar Freire com a Av. Dr. Arnaldo. Nem em Bagdad achamos algo parecido. Imperdível!

7. Você já realizou alguma obra que tenha interesse turístico?

MK: Eu recebo pedidos de grupos estrangeiros ligados à área cultural para visitar algumas das casas que fizemos. São uma minúscula atração turística.

8. Você gosta de levar pessoas para visitar suas obras? E em outras obras, para uma visita guiada?
MK: Como tudo na vida, depende de quem você está levando. Mostrar o meu trabalho para pessoas que eu gosto é para mim um privilégio.



Inteview: Marcio Kogan


Architect, unknown age, born in São Paulo, graduated in Mackenzie University, studied cinema until 30 years old and ended up choosing architecture. Main projects: Du Plessis House, Gama-Issa House, BR House, Cury House, Fasano Hotel, Microbiology Museum and recently the tecnologic e-home.
1. What is your favorite kind of trip? An isolated shelter or a cultural mess? Day or night? With tourist guide or alone? With previous knowledge or not? Alone or in company?
MK: I hate isolated shelters. I only like to travel to places where there are lots of cultural options, during the day or the night, with previous knowledge or with none, alone or in company. A beautiful landscape doesn`t interests me, only through a beautiful window.
2. What is the best way to know a city? See carefully a small quantity of works of art or visit quickly a lot of them? Go on foot, by car or by bus/train?
MK: I love to walk, but recently I`ve been to Amsterdam for 2 days and had to rent a taxi as I could desperatly know some places.
3. What was the last work of architecture that you visited with some previous knowledge? Was it as good as you were wishing?
MK: In June, in The United States, I visited some Frank Ghery`s works, like Disney Hall, in LA, and MIT State Center. It was exactly as I thought, a bullshit.
4. Positively or not, what were the works of architecture, urbanism and landscaping that let you more surprised during your trips?
MK: Negatively, the works of Frank Ghery and City of Arts and Sciences in Valencia, of Calatrava. They are huge places, with an absolutely superfluous architecture. Positively, the new dutch architecture and ICA-Boston, of Diller+Scofidio, one of the rare interesting contemporary works in the USA.
5. What works, in Brazil and around the world, that you want to know?
MK: I`d like to know the job of Takaharu + Yui Tezuka and Kazuyo Sejima + Ryue Nishizawa.
6. Is it fun to be a tourist in your own city?
MK: São Paulo is one of the most fantastic cities to visit. One of the ugliest city in the world, chaotic, violent, dirty, but fascinating. Just the way I like. One of my favorites is the square in the corner of Oscar Freire St. with Dr. Arnaldo Ave. Not even in Bagda we can find something like that.
7. Have you ever worked in any turistic project?
MK: I receive calls from foreign groups linked to the cultural area to visit some of the houses that we projected. They are a kind of small tourist attractions.
8. Do you like to take people to visit your works? And to visit other arch works, like a guided visit?
MK: Just like everything in life, it depends on the person who is with you. Show my job to people I like is a privilege to me.

Friday, February 16, 2007

Fábula de um arquiteto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.


2
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

João Cabral de Mello Neto

Thursday, January 25, 2007

Retornando das férias prorrogadas... Voltamos ao normal! Em breve notícias quentinhas pra vocês, tá?

Tuesday, November 28, 2006

Mais algumas fotos do projeto anterior...




Casanova + Hernandez. MUSEU PRÉ-HISTÓRICO GYEONGGI-DO JEONGOK (texto original publicado na revista Arch`it 1)

Em janeiro de 2006, a província de Gyeonggi (Corea) abriu um concurso internacional para o projeto do Museu Pré-Histórico de Gyeonggi-Do Jeongok. São previstos 2,3 milhões de dólares para a construção de um complexo dotado de espaços expositivos, educativos, recreativos, entre outros.

Os vencedores do concurso foram os arquitetos do escritório holandês Casanova + Hernandez Arquitetos. O projeto joga de forma espetacular com a topografia do terreno, inserindo nele uma geometria rigorosamente ortogonal, na qual o visitante pode apreciar uma grande parede de 90 metros de comprimento por 10 metros de altura de basalto, rocha que caracteriza o terreno local.


Um novo museu deve ser criado em um sítio arqueológico em meio a uma colina sobre a cidade de Joengok. O terreno apresenta uma forte topografia com grande desnível entre a rua de acesso principal a ele e os fossos de escavação no alto da colina. Uma parede de basalto também está presente no centro da colina, sendo que uma das solicitações do cliente é que ela seja incorporada no percurso do museu como parte da área de exibição.

O conceito do desenho é baseado no potencial de trabalho da nova edificação como um novo portal de entrada para o sítio pré-histórico, resolvendo o desnível do terreno e explorando o potencial da parede de basalto, que se torna o maior elemento a ser exposto.

A estratégia de implantação segue os seguintes passos:

1. A topografia existente é cortada afim de mostrar a camada de basalto ao longo do portal de entrada. Seguindo essa estratégia, uma parede desta rocha, com 90 metros de comprimento e 10 de altura, é mostrada em uma exibição ao ar livre e se torna a nova fachada do sítio pré-histórico.
2. O edifício do museu é localizado neste recorte, protegendo a parede de basalto, marcando a entrada do museu e protegendo o espaço aberto da entrada.

Do ponto mais alto do terreno o museu não pode ser visto por estar integrado na paisagem como uma grande plataforma que apresenta vários buracos funcionando como fossos de escavação artificiais, fazendo lembrar dos existentes nas redondezas. Esses “buracos” são pátios descobertos que ficam no nível que mostra alguns objetos de coleção e que filtra a luz natural para dentro das áreas de exibição. Saindo deste nível, uma rampa introduz o visitante à área do museu.

A entrada principal é localizada na sala de basalto, um espaço vazio de 14x14m, com pé direito de 10 metros, que recebe luz natural pela cobertura e que proporciona ao visitante a sensação de entar dentro de uma rocha. As área de exibição estão localizadas no nível mais alto da edificação.

A organização espacial do museu é estruturada pela posição e tamanho dos pátios espalhados pela sua superfície. Isto faz da área de exibição uma seqüência de salas interligadas que permitem uma grande flexibilidade de usos, variadas combinações de exibições temporárias independentes, e uma grande variedade de rotas de exibição através das salas. Essa organização espacial permite, também, uma grande diversidade de dimensões: salas de 8, 10 e 12m² podem facilmente se tornar salas de 5 a 30m².

O sistema de exposições do acervo é composto de espaços bastante diferentes entre si, e permite uma grande flexibilidade (exposições ao ar livre / exposições no chão / exposições em paredes / exposições em colunas / janela – parede/ vídeo – parede).

Algumas aberturas na cobertura proporcionam iluminação natural para as principais áreas de circulação, além de criarem juntamente com os pátios um sistema homogêneo de perfurações nela.

Localização:
Jeongok, Província de Gyeonggi, Coréia do Sul
Cliente:
Governo Provincial de Gyeonggi
Principais arquitetos:
Helena Casanova, Jesus Hernandez
Colaboradores:
Alejandro Aguirre De Carcer, Jin Hyeon, Martin Broder, Frank Verzijden, Grace Lam
Estrutura:
Rob Nijsse, ABT Consult
Instalações:
Nicolaa Kunnen, ABT Consult
Área total:
5.000 m²
Ano:
2006


Em 2001 Casanova + Hernandez Arquitetos estabeleceram-se em Rotterdam a fim de experimentar e constrir um novo habitat urbano para o século XXI. As atividades do escritório estão focadas em três campos conectados, que tornam possível um desenvolvimento sustentável: planejamento urbano, paisagismo e arquitetura. Dentre vários prêmios, alguns dos mais importantes que o escritório recebeu foram: o primeiro prêmio em Europan 6, em Groningen, e em Europan 7, no Hague, Noruega, e o segundo lugar para o Museu de Arte em Vidro, em Taipei, Taiwan, e para o novo Cityhall em Madrid, Espanha. Desde 2001 ambos os arquitetos têm dado palestras e exibido seus trabalhos em países como a Noruega, Alemanha, Áustria, Espanha, Itália, França, Dinamarca, Polônia, Latvia, Sérvia & Montenegro, Croácia, Taiwan e Japão. Ambos são professores convidados em universidades da Noruega.